UM PEDIDO


UM PEDIDO 
 

Um dia você me pediu um poema
Um poema não se pede
Um poema se dá

Dê-me um poema
Lave-se em uma cachoeira
Com águas em flores na cor do arco-íris
E luzes douradas dos raios do sol

Sente-se em uma noite de todas as luas
A beira de um lago
E medite

Mergulhe nestas águas
Onde as luas estão refletidas
Vá profundamente
Esqueça seu corpo
Deixe aflorar sua alma

Recrie Atlântida em outro lugar
Perto do seu ideal e distante da cabeça
Deixe-se nascer em paz
Com tudo aquilo que você deseja

Ouça o teu coração
E me diga tudo aquilo que quero ouvir

Pode ser que você tenha que perder a necessidade de certeza
Pode ser que você terá que perder tudo o que julgue de valor

Quando não tiver mais nada
Sinta o prazer
Emergindo de todos os seus poros
De toda molécula do seu corpo
Faça o que nunca pensou em fazer

Depois se solte
Domine o tempo
Com um toque de prazer

Flua como uma dança
Sobre uma onda do mar
Como uma criança em um sono profundo

Você não precisará insistir mais com aquilo que sempre foi
Exigir o pouco ou o muito que ainda faltam

Volte a esculpir o quiser
No tom da tua aura
Com barro e pedra áurea

Então me deixe solta no meu microcosmo
Longe do teu campo de força
Do campo magnético do teu masculino

O fogo terá que nutrir a água
A água terá que alimentar o fogo
O poema estará pronto e servido
Como calda de chocolate com frutas e pimenta-rosa

Um corpo único será criado
Em essência e vínculo
Acima da razão
Acima do que se espera

No movimento da magia
Do acaso de um salto quântico



Poema e Foto: Joema Carvalho
Foto: Orquídea na Torre Amarela, final da Serra do Marumbi, Paraná, Brasil.