MEDITANDO COM OS ANJOS
Vamos
pular por cima das frases
Dos versos
livres empolgados
Sobre o mar
envolto de espumas
E descansar,
desfazendo as fases
Um
arranha-céu escondido
Das luzes
rodoviárias
Os viveiros
concretos
Recheados de
sensações confusas
Prédios
desabados
No cárcere
dos corações
Em relevo
gasto
Um gesto
obsceno
Estimula as
lágrimas
De quem sente
o abalo
No vai-e-vem
da buzina
O automático
despertador
Cortando o
dia no enlatado
Cerrado e mal
aberto
Confundindo o
sono com a sina
Imagine se o
salto
Soltasse o
fogo
À
queima-roupa
Todas as
máscaras
E armaduras
indiferentes
E se não
passasse mais despercebido
O brilho dos
esconderijos próprios
Um poema
soando ao léu
Uma gota
d’água subindo com o vento
O arco-íris
abrindo o céu
Se não fossem
os foras
Seria a hora
Um pé na
bunda
Do dito
popular
Se não bastasse
a madrugada exagerada
O batuque
desesperado dos corações
Os dias frios
e mesquinhos
Recheando os
lírios do campo
Os carrosséis
de girassóis ao pôr-do-sol
As opções
desencadeadas
Dirigindo a
vida para lá e para cá
O balanço da
madeira
Temperando o
retorno
Com uma corda
esgarçada
Poema e Foto: Joema Carvalho
Foto: Ipê amarelo, Curitiba, Paraná