EROS UMA VEZ
O
rio corre nas veias e sai do controle
Confundido
pela poeira do asfalto nos olhos
Algum
tempo de abandono e solidão
A
dança do dia-a-dia no meu microcosmo
Você
no céu e eu na lua
Seria
tão bom se me prendesse com uma corda
Para
que flutuasse baixo e por perto
Fica
esquecido no silêncio
No
caminho da noite escura
Na
vida que passa e que se perde
Que
de repente volta
Uma
página nas folhas de outono
Coloridas
numa lira infinita
Soando
longe
Estou
querendo te ter novamente
Na
cidade, no sol, no mar
Em
uma floresta que desencanta todos os sonhos e desejos
Em
algum hemisfério consciente
Acho
que o que um sente pelo outro não se finge
Pode
ser que eu não seja mais 100%
Mesmo
sabendo que serei mais inteira
As
coisas vão ficando mais simples
As
cores do jardim estão refletidas no céu
Precipitam
em gotas de amor
Sentindo
o ar conduzir
Os
jasmins-dos-poetas estão em flor
E
envolvem o arco-íris junto ao vento da estação
Disse
que voltou para me buscar
Não
sabia que estava tão perto
O
acaso te trouxe
Mais
rápido do que eu pude processar
Ainda
consome as minhas noites
Meu
ciclo mensal
Meus
sonhos
De
dia a rotina ocupa os meus poros e não sou mais ação
Os
100% ficam nos bueiros
Escorrendo
com o vento, com a poeira e com a enxurrada
E
quando te encontrar?
Agarro
no seu pescoço
Te
engulo com ossos, cabelos e todo o seu cheiro?
Ou
espero o momento certo
Com
a diplomacia dos equilibrados?
Depois
da peça
Depois
que abaixarem as cortinas?
Em
algum momento que houver um vácuo, uma deriva?
Em
algum momento de aquecimento global e globalização de Todas as células?
A
hora certa?
Acho
que te ter de novo não será evolução do meu espírito
Muito
menos da minha alma
Talvez
eu vá repetir o que tem sido
Mas
o não ser, eis a questão?
Isso
confunde minha ilusão
Pode
ser que se eu te olhar de novo
Deturpe
os teus traços
Que
eles não sejam mais o que eu precise
Como
água para chocolate
Como
uma pimenta rosa
Queria
que assumisse o que eu sinto como sendo teu
Espero
que agora a gente possa esperar a lua fechar a noite
O
carrossel do sol nascer
Em
um céu novamente nosso
A
natureza determina
A
onda que chega e que vai
E
a flor que desabrocha em paz e harmonia
Poema e foto : Joema Carvaho
Foto: Morro do Canal, Parque Estadual do Pico Marumbi, Paraná, Brasil